Transformação digital no campo: como a automação está revolucionando o agronegócio brasileiro

O estudo anual realizado pela Associação Brasileira de Automação-GS1 Brasil – Índice Agrotech GS1 Brasil – acompanha o progresso tecnológico na agricultura, incluindo áreas como análise e preparo do solo, plantio, manejo, irrigação, colheita, e criação e alimentação animal. O relatório de 2024 do Índice Agrotech GS1 Brasil destaca como a digitalização no campo está transformando o agronegócio no Brasil. Se no passado o agricultor dependia da intuição e experiência para tomar decisões, hoje ele conta com tecnologias como sensores, drones e softwares de gestão, que convertem dados em estratégias mais precisas.

Os dados revelados pelo índice fornecem um panorama detalhado da evolução no campo, ajudando a entender como a automação está impulsionando a produtividade e a sustentabilidade no setor. Essa evolução está alinhada com a previsão da Organização das Nações Unidas (ONU), que estima que a população mundial atingirá 9,7 bilhões de pessoas até 2050, gerando uma crescente demanda por alimentos. Para suprir essa necessidade sem expandir as áreas cultiváveis, a automação se torna essencial.

Destaques da pesquisa incluem:

Irrigação inteligente: A gestão eficiente da água é um dos pilares da automação agrícola. A irrigação inteligente, que fornece a quantidade exata de água necessária para cada tipo de cultura, reduz o desperdício e melhora a produtividade. Atualmente, apenas 37% das propriedades rurais utilizam sistemas de irrigação eficientes, indicando um grande potencial de crescimento para essa tecnologia.

Conectividade no campo: A falta de uma internet de qualidade continua sendo um desafio para a automação completa. Somente 58% das fazendas têm acesso total à internet, o que limita a transmissão de dados em tempo real e a implementação de sistemas automatizados. Sem uma conectividade eficiente, o uso de sensores, drones e softwares de gestão fica prejudicado.

Drones e agricultura de precisão: O uso de drones tem se expandido no setor agropecuário, pois são versáteis e permitem o monitoramento das lavouras, a aplicação precisa de defensivos e a análise detalhada do solo. No entanto, apesar de seus benefícios, a adoção dessa tecnologia ainda é baixa, variando entre 10% e 16%, dependendo da atividade. A agricultura lidera com 16%, seguida pela suinocultura (14%), pecuária de leite (13%), pecuária de corte (10%) e avicultura (9%).

Monitoramento sustentável de pragas: Cerca de 9 em cada 10 grandes fazendas monitoram pragas, e mais de 70% das fazendas de médio e pequeno porte também realizam esse monitoramento, o que demonstra a importância dessa prática para a sustentabilidade dos manejos.

Investimentos e perspectivas futuras: O interesse por novas tecnologias no agronegócio está em crescimento, com 4 em cada 10 fazendas planejando investir em automação nos próximos anos. Os principais focos desses investimentos são a integração de sistemas, softwares de gestão e aquisição de equipamentos modernos, que permitem maior controle e eficiência nas operações agrícolas.

A automação está remodelando o agronegócio brasileiro, promovendo maior produtividade e sustentabilidade. Contudo, para que esses avanços sejam acessíveis a todas as propriedades rurais, é necessário ampliar a conectividade e incentivar a adoção de novas tecnologias. O futuro do agronegócio está na inovação e digitalização do campo, um passo crucial para garantir a segurança alimentar e manter a competitividade do Brasil no mercado global.